A agricultura familiar do Território baiano de Irecê tem passado pelo desafio da transição agroecológica nos últimos anos, tendo como guia um grande projeto de extensão rural promovido pela Superintendência Baiana de Assistência Técnica e Extensão Rural (Bahiater), vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR): a ATER Agroecológica. Ao longo do tempo, o Território viu acontecerem mudanças em suas práticas agrícolas e passou a contar com diversos parceiros e frentes na busca pela sustentabilidade.
Desse trabalho continuado da extensão rural, já se concretizaram importantes ações no Território, como o curso de Bacharelado em Agroecologia na Universidade do Estado da Bahia (UNEB), que já realizou seu segundo vestibular e foi concebido coletivamente, incluindo a atuação direta da Bahiater/SDR. Outras iniciativas são as Hortas nas Escolas, os Quintais Produtivos Agroecológicos e as Jornadas Agroecológicas.
“A Ater Agroecológica proporciona ao público orientações de manejo sustentável das atividades agropecuárias, proporcionando melhores condições de vida e mais autonomia aos agricultores. As ações desenvolvidas em atividades como a Jornada Agroecológica têm o objetivo de aprofundar o enfoque agroecológico como base fundamental para atingirmos níveis crescentes de sustentabilidade e de segurança alimentar nas unidades de produção familiar. Ressalto que esse trabalho só é possível com o apoio dos agricultores, agricultoras e das prefeituras e secretarias dos municípios, sem esquecer de parcerias como o Banco do Nordeste e a UNEB”, explica Edvaldo Reinaldo, engenheiro agrônomo, especialista em Agroecologia da Bahiater.
Jornada Agroecológica
Uma das recentes ações foi a Jornada Agroecológica realizada de 27 a 29 de março, em Barro Alto, Território Irecê, juntamente com o município de Souto Soares, localizado no Território Chapada Diamantina. Com programação diversificada e parceria das prefeituras municipais, o evento promoveu curso, visitas técnicas e rodas de conversa. A agricultora familiar Nailza Paiva de Souza, do município de Gentio do Ouro, conta que, após colocar os conhecimentos agroecológicos em prática, a produção de hortaliças de sua família já está sendo procurada para fornecimento à iniciativa privada e deverá fornecer também para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
“A nossa família inteira produz hortaliças por meio da agroecologia. Nós somos um grupo com certificação orgânica e a gente leva à risca as orientações da Bahiater e Edvaldo, isso tem nos ajudado demais em tudo. A gente não tinha conhecimento sobre algumas coisas, não sabia trabalhar com chorume, por exemplo. Hoje não usamos mais veneno, só orgânicos. Começamos a fazer o dever de casa e dar conta das entregas dentro da cidade. Da produção à venda e entrega, as oficinas têm nos ajudado muito. Melhorou muito a nossa renda e vai melhorar mais ainda porque começamos a investir no café e no cacau, as empresas estão querendo comprar nossas hortaliças, cenoura, beterraba, mandioca e batata doce, e estamos vendo de entregar para o PAA também”, conta Nailza.
O conhecimento agroecológico chegou também a estudantes da Escola Maria Quitéria. Segundo Nailza, adolescentes residentes na zona rural já levam as orientações aos pais. “Ninguém mais coloca fogo na roça. Os adolescentes estão levando todo o conhecimento para os pais, então surtiu efeito. Agora todo mundo cobra horta na escola, verduras e frutas, como acerola, pitanga e uva”, completou Nailza.
Hortas nas Escolas
A próxima atividade da ATER Agroecologia no Território Irecê será nos municípios de Lapão, Canarana e Barra do Mendes, em data a confirmar. Na oportunidade, a Bahiater, em parceria com a UNEB e as Secretarias Municipais de Educação, darão continuidade ao projeto Hortas nas Escolas. Serão realizadas visitas de reconhecimento de possíveis espaços para produção de hortas e articulação para formação sobre práticas agroecológicas para os estudantes envolvidos no projeto.
