Iniciou nesta terça-feira (10), no Assentamento Dois Riachões, em Ibirapitanga, território Baixo Sul, o Curso Controle Agroecológico de Mosca-das-Frutas. A iniciativa é da Superintendência Baiana de Assistência Técnica e Extensão Rural (Bahiater), vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), em parceria com a Prefeitura de Ibirapitanga e a Agência de Defesa Agropecuária (ADAB).
A formação, que acontece até a próxima quinta-feira (12), visa atender à demanda de agricultores e agricultoras familiares do Baixo Sul, que representam 13% dos agricultores certificados, especialmente do Assentamento Dois Riachões, que trabalham com a produção de alimentos orgânicos, certificados pela Rede Povos da Mata.
O evento reúne também agricultores e agricultoras familiares e agentes de assistência técnica e extensão rural (Ater), de municípios dos territórios Baixo Sul, Vale do Jiquiricá e Litoral Sul. O objetivo é qualificar a produção e melhorar a produtividade na fruticultura, a partir do controle agroecológico de insetos como a mosca-das-frutas.
A coordenadora técnica da Bahiater/DIS, Ana Cristina Souza, que participa da Comissão de Produção Orgânica da Bahia (CPOrg–Bahia), explica que a ação integra a Campanha 2022 de Promoção dos Produtos Orgânicos.
O tema Manejo da Mosca-das-Frutas foi apresentado por Weber Aguiar, coordenador do Projeto Estadual de Controle das Moscas-Frutas, da ADAB. Ele observa que esses insetos são a principal praga da fruticultura mundial, pois atacam mais de 100 tipos de frutas e falou que o Baixo Sul da Bahia tem expandido a sua área de fruticultura e, com isso, a mosca-das-frutas ganha ainda mais importância, sobretudo pela maioria das propriedades ser de agricultores familiares. “Nesse contexto, o Projeto Estadual se insere, garantindo a sanidade dos pomares, através da aplicação de medidas legislativas e utilização de ferramentas de educação sanitária”.
Será apresentado também o tema: Princípios e Fundamentos Teóricos e Práticos da Agro-Homeopatia, com o especialista em Agro-Homeopatia e técnico da Bahiater, Daniel Dourado, que salienta a importância de fazer o monitoramento das plantas, com ferramentas apropriadas. “É possível fazer as iscas com garrafas pet, porque praticamente não tem custo. Vamos ensinar como fazer e como são utilizadas e como realizar o trabalho preventivo, monitorando e evitando o surgimento das moscas e também o curativo, como a correção do solo, após a análise, para uma adequada adubação, pois uma planta bem nutrida é muito mais resistente”.
Entre as ferramentas apresentadas estão o Controle cultural, por meio da catação e destruição de frutos maduros, para evitar que os ovos que estejam nas frutas evoluam para lagartas e virem moscas, ou a utilização em compostagem; Armadilhas com atrativos alimentares ou sexuais, buscando reduzir os níveis populacionais do inseto; Utilização de inimigos naturais; Poda das árvores, dentre outras.
Luciano Silva, do Movimento de Trabalhadores Assentados, Acampados e Quilombolas (CETA) e liderança do Assentamento Dois Riachões, que também é técnico agrícola, observa que o curso é necessário para a diversificação da produção na agricultura familiar, pois os agricultores estão produzindo uma grande diversidade de frutas, muitas vezes movidos pelas agroindústrias de polpas de frutas ou pelos Programas de Aquisição de Alimentos (PAA) e de Alimentação Escolar (PNAE), pois uma das dificuldades da alimentação escolar de municípios do Baixo Sul e Litoral Sul, são justamente as frutas.
“A ideia é trocar experiências entre técnicos, agricultores, estudantes de Agroecologia e de outras áreas agrícolas, para poder entender como é o comportamento dessa praga e como pode ser feito esse controle e, partir daí, a gente buscar mecanismos para fortalecer a agricultura familiar e os assentamentos de reforma agrária, para poder, de fato, conseguir colocar esse produto no mercado, mas com uma qualidade competitiva, que possa chegar ao consumidor com uma qualidade excelente”, ressalta Luciano.
Sobre a Mosca-das-Frutas
A mosca-das-frutas é um inseto que está entre as pragas que causam elevados prejuízos aos agricultores e de maior impacto econômico na fruticultura, por atacarem os frutos, na fase de larva, que se desenvolve no interior da fruta, alimentando-se da parte mais nobre, de maior interesse econômico, consumindo e destruindo a polpa. O inseto adulto geralmente tem coloração amarela castanha, com asas apresentando um formato da letra 'S' e 'V' invertido. Os ovos são alongados e brancos e são depositados sobre a casca dos frutos. Anualmente, são perdidos aproximadamente US$ 120 milhões, na fruticultura brasileira, por causa dessa praga.
